Entrevista rara com Cláudia Ohana à revista TV Guia (02/10/1993)

  • sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021
  • José Basto
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        A novela VAMP  chega em março ao Globoplay, e enquanto essa novela linda e marcante não chega, que tal a gente fazer uma viagem no tempo e ler uma matéria muito rara com Cláudia Ohana feita em 1993 pela revista portuguesa TV Guia?

          Naquele ano, "Vamp" estava no ar em Portugal pela TV 2. E o sucesso da vamp Natasha, é claro, também foi enorme por lá!! 

         Confiram abaixo  o scan dessa matéria encantadora e recheada de fotos lindas!!!! Segue também o texto da matéria, muito bem escrita, por sinal! 

        Ao meu querido amigo Nuno Ricardo, o meu agradecimento imenso pela partilha dessa preciosidade! Graças a ti nós brasileiros temos a oportunidade de ler e apreciar esse material tão lindo!! 
























    CLÁUDIA OHANA, UMA VAMPIRA BOAZINHA

      


      É jovem, bonita e talentosa. Sonhava ser cantora e acabou actriz. Em "Vamp", teve a oportunidade de juntar as duas qualidades. E transformou uma vampira numa personagem simpática e charmosa.

      Charmosa, sensual e rebelde, a cantora Natasha, de Vamp, é um ser diferente daqueles com quem nos habituamos a conviver. Ela é uma vampira muito especial, já que vive às custas de transfusões de sangue, pois a sua rebeldia não a permite seguir à risca as ordens daquele a quem um dia vendeu a alma em troca de popularidade e sucesso. Mas, Vlad, o vampiro-mor (personagem interpretada pelo actor Ney Latorraca) está de volta e irá influenciar profundamente toda a vida de Natasha.

      Cláudia Ohana é a jovem e bela acriz que dá "vida" à cantora rock da novela que a TV2 transmite diariamente ao início da tarde e não esconde o prazer que teve em "conviver" durante os meses das gravações  de "Vamp" com a vampira-cantora.

      Foi um trabalho diferente de todos que já havia feito antes, esclarece a actriz, que revela ter recebido o convite, para integrar o elenco, do director da TV Globo, Jorge Fernando, numa altura em que se encontrava a preparar as malas para regressar ao Brasil, depois de uma temporada de quatro meses nos Estados Unidos, onde aprendia dança. A proposa não podia ter chegado em altura mais oportuna, até para gáudio dos seus inúmeros fãs, filha e companheiro, o actor André Felipe.

    DEDICAÇÃO INTEGRAL

       Contudo, Cláudia Ohana não encarava com bons "olhos" a hipótese de voltar a participar de numa novela, porque é um género de trabalho que exige uma dedicação integral por muitos meses.

      Por outro lado, a actriz confessa-se um pouco cansada dos papéis de mocinha. "O Jorginho me ligou dizendo que tinha um presente. Ele tinha razão. Quando li as sinopses e os capítulos, fiquei fascinada - uma boa personagems faz sempre com que os actores enlouqueçam - e não tive dúvidas. Senti que a Natasha me permitiria tudo: brincar, mostrar o lado que ninguém conhecia, ser sensual, gostosa, mocinha, mas também engraçada, com humor.

      Vamp acabou por se tornar na primeira experiência em termos de comédia que a actriz teve, para além de lhe ter dado a oportunidade de concretizar um sonho de infância: cantar.

      A propósito da personagem que interpreta em Vamp, a actriz confessa que já fou mais medrosa relativamente aos vampiros, nomeadamente quando era mais jovem. Porém, não esconde que estes seres lhe provocam um certo fascínio. Mesmo com medo, acabava assistindo a todos os filmes de vampiro que passavam. 

      Para compor Natasha, viu-se obrigada a ler inúmeros livros e a ver muitos filmes sobre estas nocturnas e sanguinárias figuras, já que não tinha outra forma de se inspirar. Os vampiros não andam dando sopa por aí. Pelo menos, não encontrei nenhum, ironiza Cláudia Ohana.

       Segundo a jovem e bela actriz brasileira, Natasha é uma vampira muito boazinha, que não gosta de morder pescoços, figura que foge, por isso, aos padrões "vampirescos" conhecidos e popularizados pelo cinema, sendo o caixão um dos elementos centrais em todas as histórias destes seres. 

      A telenovela Vamp não é excepção. Cláudia Ohana recorda as cenas em que tinha que entrar para o caixão como aquelas em que ficava mais assustada, embora por razões mais humanas. "Toda a vez em que tinha de entrar naquele caixão ficava assustada. Não pelo caixão, que não me incomodava nada. O problema é que sofro de claustrofobia, tenho horror a espaços fechados, reduzidos. Não suporto nem andar de avião, imagine-se ficar presa num caixão!"

      As cenas só se tornaram mais "leves" para a ctriz quando a produção decidiu introduzir algumas modificações no caixão. A tampa era tão pesada que era preciso duas pessoas para levantá-la. Só adquiri um pouco mais de coragem para encarar essas cenas quando me explicaram que a lateral do caixão se abria. Então, na hora do sufoco, é só dar pontapé nessa lateral.

      Para além desta porta de "emergência", o caixão, que se pode observar em algumas das cenas da novela, passou a contar também com uma janelinha para que a actriz pudesse estar em contacto (visual) constante com toda a equipa.


    A SALVAÇÃO PELO CINEMA

       Cláudia Ohana começou a trabalhar relativamente cedo. Aos 15 anos, vê-se subitamente sozinha, quando a mãe, Nazaré Ohana, faleceu na sequência de um acidente de viação. A partir de então, teve que tomar decisões importantes sozinha.

      Apesar de viver com a irmã,  a escitora Krika Ohana, a actriz não esconde que a morte precoce da mãe a deixou meio perdida, sem saber bem o que fazer, até que o seu rosto bonito e os olhos amendoados cor de mel abriram as portas para um teste fotográfico. Depois, seguiu-se-lhe o cinema, onde se estreou ao lado do director Pedro Camargo, em 1979, no filme Amor e Traição.

      A actriz não esconde que o facto de ter enveredado por uma carreira cinematográfica contribuiu para que encontrasse o seu caminho e um ponto de equilíbrio na sua vida. Acho que se não tivesse começado a fazer cinema seria uma desenfreada até hoje...

      Cláudia Ohana, apesar da sua juventude, possui um extenso currículo em matéria de cinema, com imensos filmes realizados no Brasil e alguns no estrangeiro. Um das suas particularidades, é que se recorda de todas as personagens que encarnou. Sei de cor até hoje todos os diálogos, mesmo os em inglês, francês ou espanhol.

      Em termos internacionais, a actriz estreou-se num filme da  realizadora Lina Wertmuller baseado na obra de Jorge Amado, Tieta, que viria a transformar-se na novela homónima, protagonizada por Betty Faria. No filme, encarnava a figura de Tieta, na fase mais jovem, enquanyo o papel principal era entregue a Sophia Loren.

      No filme italiano recorda, fazia uma Tieta agressiva, sensual folgada, moleque, que subia às árvores. Quando a Sophia Loren teve problemas com a justiça italiana, até fizeram um teste para ver se dava para eu interpretar as duas fazes. É claro que não deu certo. Imagina se eu, naquela época, dava para fazer uma mulher de quase 40 anos!


    "GOSTO DE BLUES E DE JAZZ"

       O facto de ter tido oportunidade de trabalhar em Vamp permitiu-lhe revelar uma das suas qualidades artísticas e concretizar um dos seus sonhos de infância: ser cantora. Recorda-se que Cláudia Ohana gravou a banda sonora da novela. Parece brincadeira mas quando entrei na vida artística, era para ser cantora. Sempre estudei canto, aqui e no exterior. Acho a carreira de cantora muito mais gratificante. Dá mais liberdade de escolha. É que você escolhe o repertório. Contudo, não estou interessada, agora, em abrir mão da carreira de actriz para ser cantora. Quero continuar cantando, mas fazer da música uma actividade paralela. Em termos de género, gosto de cantar blues e jazz. Mas sempre adorei ópera, muito mais quando namorei o maestro John Naschiling. Ele me ensinou muito. Aliás, ser cantora lírica é outro sonho que descartei. Dá uma mão de obra enorme: oito horas de treino por dia.



    1 comentários:

    stéphano bahia disse...

    Bacana a entrevista.... curioso que os anos 1990 foram legais pros fãs de vampiros.... além de vamp... houve os filmes "Dracula" (Coppola) e "Entrevista com o vampiro".

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