Revista Mulher de hoje - Agosto 1984

     Em agosto de 1984, Cláudia Ohana foi capa da Revista Mulher de Hoje, edição n° 55.

     Na época, Cláudia fazia sua primeira novela na Globo: Amor com Amor se Paga, de Ivani Ribeiro.

     Confiram os scans!

Observação: 
O nosso blog tomou conhecimento desses scans através do nosso grande colaborador Nuno Ricardo, que em suas pesquisas pela internet, descobriu essa maravilhosa matéria e,  generosamente, compartilhou essa sua pesquisa conosco! Obrigado, Nuno! 

Para facilitar a leitura dessa matéria, confiram  abaixo a transcrição de grande parte do texto publicado pela Revista Mulher de Hoje. Vale a pena conferir!  

UM ENCONTRO COM OHANA

"UM camarim sem plumas e paetês, os acessórios espalhados na bancada, a roupa passada no cabide. São 3h30min de uma tarde ensolarada. Tensão geral na equipe de produção da revista. Cláudia Ohana já deveria ter chegado. 

   Fundo de foto, brincos, tudo havia sido cuidadosamente escolhido de acordo com os esverdeados olhos de Ohana. Finalmente, a figura de quase menina da atriz desponta na porta do camarim. Alívio geral - ufa - começa, de fato, a produção.

   Ela chega perguntando: "Você que é a Márcia? (...)" Apresentações consumadas, O resto é prosseguir com cores (...)mais adequadas à pele alvíssima de Cláudia. Mas isso é com Cessy, maquilador, que decretou:(...) O importante é realçar os olhos quase de gato. Um pouco de batom alaranjado para dar um tchan", explica Vânia, produtora, e quase tudo está decidido. Numa coisa Vânia e Cessy discordam. Ela quer um esfumaçado (...) e lápis azul, nos olhos; ele quer o tal esfumaçado preto. Meio-termo: lápis azul ao redor dos olhos, esfumaçado rosa. No meio disso tudo um papo meio atrapalhado na maquilagem, mas muito produtivo.

   "Receita de beleza eu não tenho (...).Quando começam a despontar as espinhas, diminuo o chocolate. Mas sou gulosa. Como de tudo (...) Mas faço ginástica. Ginástica, não. Detesto. Fiz balé clássico, agora faço jazz. Mas sempre como de tudo. Nunca me preocupei com beleza. Estou até começando a pensar mais nisso,  mas uma receita eu não tenho. Estou procurando uma."

   Pergunta inevitável: você nao se acha bonita? Não é bem isso, esclarece.E admite. "Sou narcisista, sim. Adoro um espelho. Mas não sei se sou bonita. Tem dias em que me sinto linda, (...)" Enquanto isso, para nós da equipe, era difícil associar a figura frágil  de Cláudia à sua forte personalidade. (...)

  (...) 

   Uma parada para o batom. Vânia  começa a preparar a roupa. Cláudia Ohana se veste. Uma arrumada nos cabelos (...) e  uma desilusão: Cláudia não tem orelhas furadas. Vânia fica triste, mas nem tudo está perdido. Num passe de mágica a produtora arranja um (...)  brinco de pressão.

   Antes das fotos, as últimas perguntas sobre projetos. Um filme, feito no México, foi à França, à Suíça, participou do Festival de Cannes, no ano passado e que só agora vem para o Brasil é Erendira, adaptação do livro de Gabriel Garcia Marquez. O teatro faz parte dos planos embora ela não tenha predileção. "Quero tentar Moliére, Brecht, Shakespeare, Puig. Nunca representei estes autores, quero tentar".

   Você é ansiosa? Quer tudo ao mesmo tempo, todos os autores, cantar, dançar, estudar, fazer teatro, cinema, televisão...? "Não sei. Acho que é ansiedade de vida, ansiedade por viver. Pode ser uma energia que tenho que usar, sei lá."

   Chegamos até o fotógrafo. André já estava esperando há uma hora e meia, tudo preparado, máquina a postos. O entrosamento vem rápido. "Cláudia tem um ótimo pique", diz André.

   Em pouco tempo, tudo resolvido. São seis da tarde, já está escuro. "Sabe", ela diz, "estou meio mal hoje. Não dormi nada". Eu me assusto: depois de tanta boa vontade? Quase peço desculpas. Nas despedidas, obrigados gerais. Cláudia tinha que dormir. No dia seguinte ela viajava  para Teresópolis, ia continuar a gravação da novela e nós continuaríamos nosso trabalho: escrever matérias, revelar os filmes, arrumar o camarim."

Por: Márcia Melo Penna."